Objeto de censura e de inúmeras críticas, o único romance de Oscar Wilde, o Retrato de Dorian Gray traz uma trama de amor, prazer, crime e ódio. A história está centrada na história do jovem Dorian Gray, um inglês que vive no século XIX Através de Basil, Dorian conhece Henry Wotton, um lorde que possui uma visão hedonista do mundo e acredita que a vida deve ser vivida através da arte e do prazer. Dorian se encanta com essa ideia e sabendo que sua beleza um dia desaparecerá, ele decide imortalizá-la em um retrato que acaba envelhecendo, se corrompendo, enquanto o jovem passa a viver uma vida libertina. A degradação da sua alma é refletida no retrato, como se houvesse uma transferência de sua alma para o retrato. Ele só teria a aparência de pureza de inocência, enquanto sua alma (retrato) seria imoral, indecente, perversa. Mas, no processo penal, o que nós enxergamos? A pessoa ou seu retrato? O que a Justiça restaurativa nos faz refletir sobre a questão? Esse é o tema do mais novo episódio do nosso podcast. Vem conferir!
Texto: Gabrielle Britto de Oliveira
Nesse episódio conversamos sobre “Macbeth”. A mais curta das tragédias de William Shakespeare narra a ascensão e queda de Macbeth, um general escocês.
A peça traz à reflexão diversos temas complexos da natureza humana. O personagem principal começa como herói e termina como vilão, destruído por sua ambição e desejo na busca pelo poder.
Após uma vitória em batalha, Macbeth encontra três bruxas que profetizam que ele se tornará rei da Escócia. Ambicioso e influenciado por sua esposa, Lady Macbeth, ele decide acelerar o cumprimento da profecia assassinando o rei Duncan.
Uma vez coroado, Macbeth é consumido pela paranoia e pelo medo de perder o poder, cometendo mais assassinatos para eliminar qualquer ameaça. Ele mata Banquo, seu amigo e colega de batalha, e tenta matar o filho de Banquo, Fleance, que escapa. A partir desse ponto, Macbeth perde o controle sobre sua sanidade.
Lady Macbeth, atormentada pela culpa, cede à loucura e, eventualmente, morre. Macbeth, por sua vez, enfrenta uma rebelião liderada por Macduff e Malcolm, o filho de Duncan. No confronto final, Macbeth é morto por Macduff. Malcolm é então proclamado rei, trazendo a paz de volta à Escócia.
"Na obra de Franz Kafka, Na Colônia Penal, escrita em 1.914, o autor relata o caso de um Oficial que executava as penas dos condenados com uma máquina de tortura, onde a sentença imposta era escrita no corpo do Condenado. Ao chegar à ilha para conhecer o sistema da execução, o Explorador estrangeiro faz vários questionamentos ao Oficial sobre tal máquina construída outrora pelo Comandante e aplicada diariamente em repetição. E faz a reflexão de que "a injustiça do processo e a inumanidade da execução eram indubitáveis". O Oficial, ao final, onde seu maior princípio da vida era ser justo, o que traz escrito num papel em seu bolso para sempre relembrar, enxerga seu crime ao ser injusto durante toda a vida, e se submete à mesma máquina que outrora se orgulhou. Grandes reflexões, quer na vida quanto no Direito, sobre o sistema penal, a justiça, a repetição do sistema imposto sem reflexão, o não entendimento pelo Condenado da pena por não falar a língua do Oficial, a pena como vingança e de que se "a máquina ainda funciona, basta-se a si mesma'. Venham conosco refletir juntos com essa obra espetacular.
Texto: Stela Maris Perez Rodrigues
“O Leopardo” é a única e genial obra do escritor italiano Giuseppe Tomasi Di Lampedusa, publicada em 1958 mas ambientada na Sicília revolucionária dos anos 1860 a 1910 - período de decadência da monarquia e ascensão do projeto republicano.
O romance, claramente auto ficcional, traz à vida Dom Fabrizio Salina, um aristocrata apegado às tradições que, porém, possui uma leitura sofisticada do seu entorno e percebe as sutilezas e incoerências do status quo.
Nesse contexto, ao vivenciar o período revolucionário da unificação republicana italiana, o protagonista percebe e aponta a real dimensão (sobretudo quanto às limitações) das mudanças sociais e institucionais propostas, que restam por “tudo mudar para manter tudo como está”.
O texto é denso, detalhado, imersivo, repleto de recortes e dados históricos temperados pelas sofisticadas reflexões do protagonista, que transitam entre o conformismo e a sagaz percepção das complexidades da vida.
Texto: Liliane Graciele Breitwisser
“A morte de Ivan Ilitch”, apesar de ter sido escrito na Rússia de 1886, pouco mais de 20 anos após o fim do regime de servidão naquele país, é um livro tão universal e atemporal, que é impossível que o leitor do Brasil do século XXI não se identifique com as questões e dilemas do protagonista, o Magistrado Ivan Ilitch. Logo no início do livro descobrimos que Ivan morre e toda a trama se desdobra a partir de um olhar retrospectivo sobre esse evento. O livro trata da morte, mas suas reflexões em verdade são sobre a vida. Ao se debruçar sobre a vida e as escolhas de Ivan Ilitch, o leitor é convidado a refletir sobre os rumos da sua própria existência. Os temas debatidos na obra são profundos e densos, mas a escrita de Leon Tolstói é fluida e deliciosa, marcada pela ironia fina que lhe é característica e por um olhar perspicaz sobre o que há de mais humano.”
Texto: Cecília Leszczynski Guetter
O Anel de Giges é um conto narrado por Platão no livro A República. Trata-se de um grande questionamento ético: quem você é quando ninguém esta vendo ou quem você seria se tivesse a certeza da impunidade? Para além disso: como você julgaria quem portasse o anel capaz de conceder a invisibilidade e, por ventura, ñ o usasse? Grandes questionamentos humanos, presentes desde a Grécia Antiga, permeados de saberes restaurativos.
Texto: Laryssa Angelica Copack Muniz
O Quinze é um livro fundamental para entender o Brasil e suas múltiplas realidades. Juntos com Conceição, Chico Bento, Cordulina, Idalina, Inácia, João Marreca, Eugênia e outros personagens vamos acompanhando como a realidade da seca afeta a vida das pessoas, diante de suas fragilidades emocionais, psicológicas e econômicas. A autora, que aos 20 anos escreveu este importante livro, dialoga fortemente com questões fundamentais que vão desde a crueza e dureza da realidade da seca até a autonomia feminina. Ela traz um episódio pouco conhecido de nossa historia: os campos de concentração nas grandes cidades cearenses para “acolher” os flagelados da seca. O livro tem seu nome oriundo do ano de 1915, que assolou o Nordeste. Venha conosco também nessa jornada tão especial de (re)descoberta da obra de Rachel de Queiroz, especialmente para aqueles que iniciaram sua jornada na literatura pelo seu trabalho, como este que vos escreve.
EPISÓDIO 02“A nossa escrevivência não pode ser lida como histórias para ‘ninar os da casa grande’ e sim para incomodá-los em seus sonos injustos”(Conceição Evaristo) . Nessa linha, na coletânea de contos “Olhos d’água” Conceição Evaristo nos apresenta vidas marginalizadas e vulnerabilizadas. O livro venceu o prêmio Jabuti em 2015, na categoria Contos e Crônicas e traz uma abordagem muito direta da violência passando por temas como linchamento, violência sexual e racismo. A maioria das personagens dos contos são mulheres pretas e periféricas e Conceição Evaristo traz à tona a o preconceito de gênero e racial, ínsito em nossa sociedade marcada por uma herança escravocrata. Além do mais, há um fio condutor entre os contos que é a técnica da escrevivência, desenvolvida por Conceição Evaristo, que aborda o escrever, viver e se ver. Assim, a autora traz a narrativa dessas vidas negras margilizadas e traduz essas experiências subjetivas por meio dessas histórias que, apesar de toda dor trazida, nos conduzem a uma literatura poética.
EPISÓDIO 01